quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Ponto sem rasura


Ponto de apoio. Ponto de partida. Ponto de chegada. Ponto de interrogação.  Ponto da humanidade em simetria. Ponto da pátria soletrada pela democracia. Ponto da família em harmonia. Ponto da felicidade no dia a dia. Ponto da vida latente a cada alvorada. Ponto da ética pela moral ilibada. Ponto da infância abandonada em mais de uma ocorrência mais do que policial. Ponto da juventude coadjuvante além de uma escola voltada para o saber fundamental. Ponto do paciente sem leito em hospital.
  
Ponto em linha reta. Ponto em linha pontilhada. Ponto em plano vertical. Ponto em plano horizontal. Ponto em planilha digital. Ponto em parágrafo constitucional. Ponto numérico. Ponto alfabético. Ponto gramatical. Ponto histórico. Ponto geográfico. Ponto artístico. Ponto cultural. Ponto da pedra filosofal. Ponto procurado. Ponto encontrado. Ponto perdido. Ponto sem nó. Ponto cruzado. Ponto distante. Ponto pacificador. Ponto do amor.
Ponteiros pontuados de geração em geração. Ponteiros pontuados pela luz da razão. Ponteiros pontuados pelas marcas de expressão. Ponteiros pontuados pela translação. Ponteiros pontuados pela rotação. Ponteiros pontuados por horas continuadas. Ponteiros pontuados por minutos decisivos. Ponteiros pontuados por segundos derradeiros. Ponteiros pontuados em tempos verbais. Ponteiros pontuados por viagens espaciais. Ponteiros pontuados de conquista em conquistas científica. Ponteiros pontuados de avanço em avanço tecnológico.

Ser biológico na areia da ampulheta universal. Ser biológico na placenta do planeta maternal. Ser biológico criado à imagem e semelhança do Criador. Ser biológico na proveta de um experimento inovador. Ser biológico na cadência orgânica com mais de um condutor. Ser biológico na condição de interlocutor. Ser biológico programado para nascer, integrar e prosperar. Ser biológico destinado para fortalecer e para blindar. Ser biológico formado para embelezar e para recriar.
Quantas horas despercebidas? Quantos minutos desencontrados? Quantos segundos silenciados? Quantos prantos contidos? Quantos caminhos desviados? Quantas guerras urbanas declaradas? Quantas vidas humanas mutiladas? Quantas cidades nas mesmas garras repaginadas pela corrupção em nada pontual? Quantos votos perdidos de pleito em pleito eleitoral? Quantos córregos condenados e sem vazão? Quantos rios afluentes elencados pelo crescimento em virtual aceleração? Quantos ministérios mantidos com os impostos dos contribuintes arrecadados pelo mesmo leão? Quantos pedintes de pão? Quantos miseráveis de pé no chão? Quantas estrelas cadentes no lábaro patriótico da nação?

Tempo do tecido social. Espaço da tecelagem política em ritmo institucional. Dedal no dedo indicador. Linha na agulha de sucessor em sucessor. Mais de um alfinete. A mesma tesoura com efeito de estilete. Corte e costura. Código de postura. Ponto sem rasura.

Airton Reis é poeta em Cuiabá (MT)

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