Um passeio gastronômico entre cores, sabores e aromas de dar água na boca
Em cada canto um novo prazer nas descobertas, lembrando as experiências antigas da cozinha da vovó e da titia, recordações de sabores da nossa infância e juventude vêm à tona com muita saudade.
Vamos iniciar pelo nosso canto do Brasil - o Centro-Oeste. Aqui uma imensidão do cerrado, com rios e cachoeiras onde as piraputangas em água baixa brincam nas correntezas até chegar a nossa mesa. Este peixe de carne rosada pode ser deliciosamente assado na brasa com recheio de cebola, receita do querido amigo Cacalo, que muito nos orgulha com suas deliciosas preparações e com a alegria típica do cuiabano. Terra do horizonte, terra sem fim, tão generosa que, além de pacus e pintados, colhemos tantos grãos quanto algodão e assim fortalece o Mato Grosso, celeiro do Brasil.
E quem por Cuiabá passar tem que experimentar o famoso “cha com bolo” da Dona Eulália, onde as fornadas começam ao raiar do dia e exalam o delicioso cheiro de bolo de queijo e bolo de arroz. Só de pensar na cena me deu água na boca.
O meu desejo nessas próximas linhas é elevar a mente e viajar pelas nossas regiões tentando trazer um pouco dos perfumes, dos lugares e das pessoas que marcam de alguma forma a gastronomia.
E vem aí o pequi do Goiás – esse fruto que não acaba e que rende preparações que vão do clássico arroz com pequi de Pirenópolis até um cupim em baixa temperatura com creme de pequi, criatividade do chef Fernando Mack, do Mahalo.
Imperdível é sentar-se na varanda do Oficina do Sabor, em Olinda, do chef Cesar Santos, e se deliciar da carne -de-sol caseira com manteiga de garrafa. E pra refrescar, tomar a tão famosa caipirinha de pitanga ou de umbu cajá.
Em Alagoas, gastar um tempinho no Massaguêra, de tudo se come ali, bolinho de goma, sururu de capote e camarão na cerveja, sequinho e crocante.
E viajando ao Sudeste logo penso em cafezais, canaviais e na terra roxa que tanto atraiu bandeirantes e tropeiros. Por toda parte: pão com manteiga no café com leite. Tão simples e tão requisitado.
Em Belo Horizonte, Minas Gerais, o xapuri da Dona Nelsa, com seus 75 anos e ainda à frente de seus tachos de cobre fervilhando no fogão à lenha com doce de leite, goiaba, com queijo minas. Hummm, é bom demais.
Subindo a serra que detém as ondas do mar numa estrada tão rústica e tortuosa, chegamos a Visconde de Mauá e é no Gosto com Gosto da minha companheira de panelas, a Chef Monica Rangel, que você pode tomar uma das 630 marcas de cachaça e aperitivar as linguiças fresquíssimas, produzidas por ela mesma. Se der sorte de estar lá na época do pinhão vai saborear receitas criativas preparadas pelos cozinheiros da região.
E o que dizer de São Paulo? Dispensa comentários! De tudo se come e se bebe nesta cidade tão cosmopolita. Nos butecos da Vila Madalena, as tradicionais casas italianas, os restaurantes estrelados e seus grandes Chefs como Alex Atala e quantos outros podem nos surpreender, dos mais clássicos aos mais badalados. E ainda as padarias que reúnem pessoas descoladas, a geração saúde, tão falada hoje, os cafés com bossa.
E de geração saúde quem entende mesmo é o Rio de Janeiro. Tomar um suco no Polis ou comer um açaí no Bibi é programa pra quem pensa em ficar de bem com a corpo e com a vida, é claro.
E só para fechar com o Espírito Santo, pois não poderia deixar de falar da mais tradicional moqueca, a do Geraldo, em Vitória. É de derreter qualquer coração.
Rumo ao grande verde brasileiro, o Norte, temos o sabor indígena inusitado, barcos pousados nas sombras de copas das arvores dos alagados. Suas folhas e raízes que além de mil e uma curas enchem de sabor tudo o que vai à mesa.
Lá em Casa, o restaurante do saudoso Paulo Martins, em Belém, que muito contribuiu para difundir os produtos de sua região, vale e muito comer o filhote com tucupi e se aventurar nos temperos que despertam sensações únicas. O jambo é um exemplo.
Um abraço carinhoso!
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